Maria Lopes

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sábado, 15 de abril de 2023

Discurso de Lula na posse de Dilma no banco dos Brics.

Maria Lopes e Artes

 Discurso de Lula na posse de Dilma no banco dos Brics.  

                   https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2023-04/lula-quer-relancar-parceria-com-china-em-mais-de-20-acordos    

Em discurso durante a posse de Dilma Rousseff, nesta terça-feira, 13, como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, em Xangai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que “a união de países emergentes é capaz de gerar mudanças sociais e econômicas relevantes para o mundo”, questionando a hegemonia do dólar e de países ricos.

Leia o discurso completo:

É com grande alegria que retorno a Xangai após quase 20 anos, e por um motivo muito especial. Tenho a satisfação de reencontrar a presidenta Dilma Rousseff e o prazer de comemorar sua escolha para comandar esta importante instituição.

A posse de uma mulher à frente de um banco global de tamanha envergadura seria por si só um fato extraordinário, num mundo ainda dominado pelos homens. Mas a importância histórica deste momento vai mais além.

Dilma Rousseff pertence a uma geração de jovens que nos anos 70 lutaram para colocar em prática o sonho de um mundo melhor – e pagaram caro, muitos deles com a própria vida.

Meio século depois, o Novo Banco de Desenvolvimento surge como ferramenta de redução das desigualdades entre países ricos e países emergentes, que se traduzem em forma de exclusão social, fome, extrema pobreza e migrações forçadas.
Senhoras e senhores.

A mudança do clima, a pandemia de Covid-19 e os conflitos armados impactam negativamente as populações mais vulneráveis. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável passam por graves retrocessos, e muitos países em desenvolvimento acumulam dívidas impagáveis.

É neste contexto adverso que o Novo Banco de Desenvolvimento se impõe.

A decisão de criar este banco foi um marco na atuação conjunta dos países emergentes. Por suas dimensões, tamanho de suas populações, peso de suas economias e a influência que exercem em suas regiões e no mundo, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul não poderiam ficar alheios às grandes questões internacionais.

As necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento eram e continuam enormes.

A falta de reformas efetivas das instituições financeiras tradicionais limita o volume e as modalidades de crédito dos bancos já existentes.

Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. Livre, portanto, das amarras das condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes. E mais: com a possibilidade de financiamento de projetos em moeda local.

A criação deste Banco mostra que a união de países emergentes é capaz de gerar mudanças sociais e econômicas relevantes para o mundo. Não queremos ser melhores do que ninguém. Queremos as oportunidades para expandirmos nossas potencialidades, e garantir aos nossos povos dignidade, cidadania e qualidade de vida.

Por isso, além de continuar trabalhando pela reforma efetiva da ONU, do FMI e do Banco Mundial, e pela mudança das regras comerciais, precisamos utilizar de maneira criativa o G-20 (que o Brasil presidirá em 2024) e o Brics (que conduziremos em 2025) com o objetivo de reforçar os temas prioritários para o mundo em desenvolvimento na agenda internacional.

Senhores e senhoras, o Novo Banco de Desenvolvimento tem um grande potencial transformador, na medida em que liberta os países emergentes da submissão às instituições financeiras tradicionais, que pretendem nos governar, sem que tenham mandato para isso.

O banco dos Brics já atraiu quatro novos membros: Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai. Vários outros estão em vias de adesão, e estou certo de que a chegada da presidenta Dilma contribuirá para esse processo.

No Brasil, os recursos do Novo Banco financiam projetos de infraestrutura, programas de apoio à renda, mobilidade sustentável, adaptação à mudança climática, saneamento básico e energias renováveis.

Em conjunto, os membros do Brics ampliam sua capacidade de atuar positivamente no cenário internacional, contribuindo para evitar ou mitigar crises e beneficiando as perspectivas de crescimento e desenvolvimento de nossas economias.

Por tudo isso, o Novo Banco de Desenvolvimento reúne todas as condições para se tornar o grande banco do Sul Global.

Senhoras e senhores, o tempo em que o Brasil esteve ausente das grandes decisões mundiais ficou no passado. Estamos de volta ao cenário internacional, após uma inexplicável ausência. Temos muito a contribuir em questões centrais do nosso tempo, a exemplo da mitigação da crise climática e do combate à fome e às desigualdades.

É intolerável que, num planeta que produz alimentos suficientes para suprir as necessidades de toda a humanidade, centenas de milhões de homens, mulheres e crianças não tenham o que comer.

É inadmissível que a irresponsabilidade e a ganância de uma pequena minoria coloquem em risco a sobrevivência do planeta e de toda a humanidade.

O Brasil está de volta. Com a disposição de contribuir novamente para a construção de um mundo mais desenvolvido, mais justo e ambientalmente sustentável.

Queremos compartilhar com todos os países interessados a experiência de crescimento econômico com inclusão social que o Brasil viveu durante meu governo e o governo da presidenta Dilma Rousseff.

As políticas públicas de nossos governos foram capazes de resgatar 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza, e retirar o Brasil do Mapa da Fome da ONU pela primeira vez em nossa história. Ao mesmo tempo, o Brasil se tornou a 6ª maior economia do planeta.

Estou certo de que a experiência da presidenta Dilma ao governar o Brasil se renovará à frente deste importante instrumento para o desenvolvimento de nossos países.

Sua presidência representa o compromisso renovado do Brasil com os Brics. E é também mais uma demonstração da disposição brasileira de consolidar o fortalecimento deste Novo Banco de Desenvolvimento diante dos desafios e da necessidade de contínuo aprimoramento institucional e operacional.

Fico feliz por termos uma mulher forte e experiente à frente dessa instituição. Muito boa sorte, felicidades e sucesso nas suas novas funções, presidenta Dilma. Muito obrigado.

Matéria completa: https://veja.abril.com.br/mundo/leia-a-integra-do-discurso-de-lula-na-posse-de-dilma-no-banco-dos-brics/

domingo, 15 de maio de 2016

CARTA PARA DILMA por Jandira Feghali


CARTA PARA DILMA por Jandira Feghali

OUTRA 
CARTA PARA DILMA
por Jandira Feghali
"Querida Dilma,
Ao lhe escrever esta carta me encontro com momentos da História de nosso país. Da luta pela emancipação de milhões de brasileiros como cidadãos plenos de direitos, aos embates políticos que, sustentados na diversidade e nas demandas da nação por desenvolvimento e reafirmação da sua identidade, soberania e ampliação da democracia. Nessas trincheiras estivemos juntas.
No período mais recente, tive a oportunidade de defender o projeto eleito nas urnas com firmeza e convicção, não apenas nas eleições, mas nas horas mais duras, quando seu governo era atacado de forma violenta, preconceituosa e mentirosa no parlamento brasileiro, nos grandes meios de comunicação, e manifestações que na rua gritavam contra a democracia e contra a mulher presidente. Estive tambem em emocionantes manifestações, onde a pluralidade, a solidariedade e o apreço pela liberdade eram as marcas das palavras e dos rostos. Estas cresceram diariamente no país denunciando o golpe e exigindo sensibilidade política das instituições para barrá-lo.
Vi na senhora uma mulher altiva, forte e resiliente, sempre disposta a prosseguir lutando pela justiça, pela verdade e pelo Brasil que surgiu após 13 anos deste projeto. Víamos a confiança inabalável de quem, diante de uma guerra implacável e covarde, tem a consciência limpa.
O suor que escorreu de suas faces ao se dirigir aos homens e mulheres que vieram lhe emprestar suas forças, sob o sol escaldante do dia 12 de maio, é inspiração para a nossa jovem democracia. Ela, tão preciosa e que deve sua existência aos que nunca se calam frente às injustiças e diante da violência do golpe, como a senhora.
Não é fácil assistir um governo ilegítimo ascender.  Principalmente quando isso se dá a partir de um vice-presidente que desonrou o cargo que ocupa ao se unir a um grupo de políticos que, por meio de um golpe e rasgando a Constituição, levaram ao poder um conspirador. Uma ferida na consciencia democrática e na história. Mais uma, após tanta luta para que voltássemos a respirar os ares da liberdade e do Estado democrático de Direito.
Não nos surpreende a atitude desses senhores sem autoridade moral e ética para conduzir a Nação, mas nos enche de indignação a interrupção de um projeto que demos início com a chegada do primeiro operário e de uma mulher à Presidência da República.
Dessa indignação virá nossa força. Não legitimaremos o Governo interino de Michel Temer. Não haverá caminho fácil para quem usurpa um governo eleito democraticamente por 54 milhões de votos.  Não daremos trégua a quem planeja cortar direitos, entregar a Petrobras na calada da noite e extinguir avanços históricos na Saúde e Educação. São todos golpistas e assim devem ser tratados pelo povo e movimentos sociais.
Sabemos que serão meses de angústia, mas de muita luta. Tenho esperança que conseguiremos reverter essa realidade distorcida em julgamento no Senado . É lá que o clamor das ruas deve ecoar, para que a injustiça seja reparada.
E voltaremos. Voltaremos porque, mesmo injustiçados, não nos permitimos desistir de fazer prevalecer a verdade. Voltaremos para provar que a democracia está acima de conluios e desmandos.
A você, minha querida presidenta, desejo toda a força do mundo e nossa convicção de que milhões de brasileiros e brasileiras permanecerão unidos, de punhos erguidos, exigindo em todos os cantos, o seu retorno.
Um abraço afetuoso,
Jandira"
Jandira é médica e deputada federal (PCdoB/RJ).