Maria Lopes

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terça-feira, 22 de setembro de 2015

AS PRINCIPAIS OBRAS DA ARTISTA BRASILEIRA TARSILA DO AMARAL

AS PRINCIPAIS OBRAS DA ARTISTA BRASILEIRA TARSILA DO AMARAL
Dentre as muitas obras da artista, as que inauguraram as suas fases tornaram-se as mais 
famosas. Some-se a essas a sua pintura A Negra (1923), feita e exposta em Paris, que se juntou 
ao lado das obras de maior sucesso da pintora ao longo dos anos.


Nascida em Capivari, SP, em 1886, a pintora Tarsila do Amaral é, indiscutivelmente, um ícone da arte brasileira nesse século. Podemos dizer que Tarsila do Amaral encontrou soluções extremamente pertinentes para o que talvez seja o maior dilema da arte brasileira contemporânea: a difícil combinação entre as novas informações e a tradição advindas da arte européia e o caldo cultural brasileiro, principalmente no que se refere à expressão popular.

Tarsila do Amaral teve uma formação acadêmica muito sólida, em São Paulo e em Paris, o que não resultou para a artista em amarras estéticas ou imposições formais. Muito pelo contrário, a formação acadêmica só reforçou a singularidade da cultura popular brasileira para Tarsila.

É essa cultura que seria reinterpretada e redescoberta à luz do modernismo brasileiro. Tarsila do Amaral é peça chave do movimento modernista, integrando o “grupo dos cinco”, formado por intelectuais e artistas fundadores do movimento, como Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Pichia. Nessa época começa o namoro com Oswald de Andrade, com quem se casaria em 1926.


Tarsila do Amaral foi uma artista muito consciente da sua importância no movimento modernista e da inserção da sua obra no panorama brasileiro das artes plásticas. Tarsila integrava a vanguarda intelectual e artística da época, cultivando uma forte amizade com o intelectual franco-suíço Blaise Cendrars.


Em 1928, pintou o Abaporu, tela batizada por Oswald e pelo poeta Raul Bopp, e que inspiraria o movimento o movimento antropofágico, importante movimento cultural da década de 1930, vinculado ao modernismo e encabeçado por Oswald de Andrade. Em 1950, Sergio Milliet organizou retrospectiva da artista no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Tarsila participou também da I Bienal, em 1951. Em 1964, participou da Bienal de Veneza e em 1969 o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugurou uma grande exposição de sua obra: 50 Anos de Pintura. Esse quadro de Tarsila bateu o recorde de preço de uma obra brasileira, estando situado hoje na Argentina.


É considerada uma das mais importantes artistas brasileiras que, embora tenha tido uma curta carreira, criou obras de expressão inigualável para a arte moderna no Brasil.

1 - A Negra: foi pintada pela artista em 1923, quando estudava arte em uma academia de Paris. Para ela, o quadro era a recordação de sua infância na fazenda, onde as negras - escravas cuidavam das crianças e eram muitas vezes suas amas-secas, como uma espécie de mãe de leite para o bebê quando as suas sinhás não o conseguiam produzir. Fala-se dessa obra que teria sido a obra que já indicava o surgimento da antropofagia na obra de Tarsila. Claramente, na pintura, estão presentes elementos do cubismo ao fundo da tela e a não necessidade de rigor em relação às formas. Em A Negra temos a representação do ambiente tipicamente tropical brasileiro com a folha de bananeira que atravessa o fundo da imagem, a figura central da foto carrega certa tristeza em seus gestos, também situação vivida pelos escravos no Brasil da época.
A Negra 1923 A Negra, 1923, Tarsila do Amaral
2 - Abapuru: foi pintada pela artista em 1928, obra que inaugura o movimento antropofágico dentro do modernismo brasileiro. Atualmente é a tela brasileira mais valorizada do mundo, alcançando o valor de 1,5 milhões pagos por um argentino. A obra encontra-se exposta no Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires. Alguns críticos chegaram a sugerir que Abaporu, seria uma reescritura de O Pensador, de Auguste Rodin. A obra mostra uma figura irregular em suas formas, braços e pernas grandes com a cabeça pequena, representando a valorização do trabalho braçal comum à época, a figura sentada no chão traz à tona a relação do homem com a terra, especificamente o Brasil, diante de um cactos que desponta como uma espécie de flor, tendo ao fundo um céu azul e um sol amarelo, inevitavelmente essas cores nos remetem às cores da nação brasileira.
Abopuru 1928 Abopuru, 1928, Tarsila do Amaral
3 - Os Operários: foi pintado em 1933 por Tarsila e foi uma obra muito criticada, quando da sua exposição. No entanto é ela que inaugura a fase Social da artista. Nela estão representadas as muitas etnias brasileiras que imigraram de todos os lugares do interior do país para vir trabalhar nas indústrias de São Paulo na década de trinta, os rostos sobrepostos, que representam a massificação da vida operária, aparecem cansados no quadro - esse era o contexto de predomínio da exploração na Era Vargas. Ao fundo, como sempre, elementos do cubismo, com formas cilíndricas e retângulos, indicando as fábricas da cidade.
Os operarios 1933 Os operários, 1933, Tarsila do Amaral


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CRONOLOGIA


1886 – Nasce em Capivari, São Paulo.

1917 – Estuda com Pedro Alexandrino e Elpons, em São Paulo.

1920 – Estuda na Academia Julian, em Paris.

1922 - Liga-se ao grupo modernista em São Paulo, integrando o “grupo dos cinco”, formado por intelectuais e artistas fundadores do movimento, como Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Pichia.

1923 – Viagem à Europa com Oswald de Andrade. Estuda com André Lhote e Albert Gleizes.

1924 – Início da fase Pau-Brasil.

1976 – Retrospectiva na Bienal de São Paulo.

1977 – Retrospectiva no MAM – RJ.

1983 – Retrospectiva Centro Cultural São Paulo.

1984 – Retrospectiva MAM-SP.

1984 – Exposição “Tradição e Ruptura, Síntese de Arte e Cultura Brasileira”, Fundação Bienal de SP.

*FOTO: Grandes Artistas Brasileiros: Tarsila (Pág. 10). Art Editora LTDA.; São Paulo, 1987.

http://www.pinturabrasileira.com/artistas_bio.asp?cod=